Ao chegar no Supremo Tribunal Militar (STM), a viúva do músico Evaldo Rosa, Luciana dos Santos Nogueira, disse que "espera que a justiça seja feita". Seu esposo foi morto a tiros de fuzil disparados pelo Exército em 2019, no Rio de Janeiro, quando a família estava a caminho de um chá de bebê.
O caso teve grande repercussão, pois os militares dispararam 257 tiros, sendo que 62 deles atingiram o veículo, revelou a perícia. Embora já tenha se passado cinco anos do assassinato, ela afirmou que "parece que foi ontem". "Precisa acontecer hoje (o fim do julgamento), encerrar hoje, para gente poder seguir", disse a viúva ao Valor, sem reprimir as lágrimas.
O julgamento é retomado nesta tarde com o voto da ministra Maria Elizabeth Rocha, do STM, que havia pedido vista. Ela presidirá a Corte a partir do ano que vem até 2027 e será a primeira mulher a estar no cargo. Em fevereiro, o relator da ação, ministro Carlos Augusto Amaral, fez um voto polêmico e decidiu absolver os acusados do crime de homicídio contra o músico Evaldo Rosa. Para Amaral, faltam provas para a condenação.
Em relação ao catador de latinhas Luciano Macedo, que passava pela região no momento dos disparos, foi atingido e também morreu, o ministro relator da ação votou para mudar a sentença de homicídio doloso para homicídio culposo e reduzir o tempo de prisão para cerca de três anos em regime aberto, com a invocação da legítima defesa putativa.
Instância máxima da Justiça Militar, o STM julga um recurso ajuizado pela defesa para anular a sentença dos miliares condenados pela morte do músico e do catador de latinhas.