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Múcio sinaliza a Lula que pretende deixar Ministério da Defesa

Múcio sinaliza a Lula que pretende deixar Ministério da Defesa

Múcio sinaliza a Lula que pretende deixar Ministério da Defesa

O ministro da Defesa, José Múcio, sinalizou ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, nesta semana, que pretende deixar o cargo na Esplanada antes mesmo do fim deste terceiro mandato. A sinalização aconteceu durante conversa pessoal entre os dois, realizada na terça-feira, em São Paulo, após Lula ter alta hospitalar. Na prática, essa indicação fez esquentar, nos bastidores, as negociações para uma possível reforma ministerial no início do ano que vem.

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O Valor apurou que, no encontro entre Lula e Múcio, o ministro da Defesa admitiu que está “cansado” por conta das dificuldades de conciliar compromissos familiares com a intensa agenda à frente das Forças Armadas.

Nesses dois anos em que está na Defesa, Múcio teve de cancelar, por exemplo, uma viagem que faria para comemorar o aniversário de 70 anos de sua esposa. O motivo do cancelamento foram justamente as enchentes do Rio Grande do Sul, episódio no qual foi importante a forte participação do Ministério da Defesa.

Outro argumento é que, desde o começo deste terceiro mandato, Múcio ainda não teria conseguido tirar férias, o que afetou sua presença em eventos familiares importantes para o ministro. Por fim, o ministro da Defesa já vinha indicando a assessores próximos há algum tempo que planejava ficar somente dois anos no cargo.

Segundo interlocutores, o relato feito por José Múcio, que é amigo pessoal de longa data do presidente, fez Lula ficar sensibilizado. A razão é que os dois são da mesma geração. Enquanto o ministro da Defesa tem 76 anos, Lula completou recentemente 79 anos de idade.

Diante da conversa, o entorno de Lula voltou a conjecturar, nesta semana, possíveis mudanças na Esplanada dos Ministério. Isso porque, no início do ano que vem, o Palácio do Planalto pretende promover uma nova reforma ministerial, como forma de abrir mais espaços para integrantes do Centrão no governo.

Em um dos desenhos especulados, o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (Mdic), Geraldo Alckmin (PSB), poderia migrar para o lugar de Múcio. Isso porque o Mdic, onde Alckmin está atualmente, é uma das pastas mais cobiçadas por partidos de centro.

Ainda não se sabe, entretanto, se o vice-presidente e o PSB aceitariam essa “missão” para ajudar Lula no “redesenho” da Esplanada. Interlocutores próximos do vice-presidente admitem que esse tipo de sondagem “faz sentido”, mas, por outro lado, ponderam que essas especulações têm “idas e vindas” há algum tempo. Além disso, o entorno de Alckmin avalia que o trabalho dele à frente política industrial precisa continuar.

No caso hipotético de Alckmin aceitar essa mudança, um dos cotados para assumir o MDIC é o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG). Anteriormente, o governo cogitava indicá-lo para o Ministério da Justiça, mas essa operação seria mais delicada, já que o atual titular do ministério, Ricardo Lewandowski, está no cargo há pouco tempo: desde fevereiro deste ano.

Questionado sobre este cenário, parlamentares próximos a Pacheco dizem, em condição de anonimato, que ele só pretende discutir um possível cargo na Esplanada a partir de fevereiro do ano que vem. Ou seja, somente após a eleição do novo presidente do Senado.

Ainda assim, o Valor apurou que há um lobby para que Lula indique um novo parlamentar mineiro para assumir algum ministério no governo federal.

A explicação seria que Minas Gerais, berço eleitoral de Pacheco, costuma ter ao menos três ministros em todos os governos recentes da história do Brasil, fato que não se repete desta vez. Para além disso, Minas Gerais é um Estado que, geralmente, influencia diretamente nas eleições presidenciais.

Em meio a essas negociações, Lula retornou na quinta-feira para Brasília, depois de ficar mais de uma semana fora da capital federa por motivos de saúde. Em sua volta, Lula aproveitou para descansar no Palácio da Alvorada, residência oficial.

Nesta sexta-feira, porém, o presidente deve receber seus auxiliares em uma reunião ministerial de fim de ano. O encontro de hoje, no entanto, terá um caráter de confraternização. Segundo ministros com quem o Valor conversou, haverá poucas falas — diferentemente do que ocorre nas reuniões convencionais, nas quais todos os ministros costumam fazer exposições.

Lula viajou a São Paulo na noite do dia 9, em caráter de emergência, após sentir fortes dores de cabeça. Foi submetido a uma cirurgia para a retirada de um hematoma que se formou em decorrência de um tombo que o presidente levou no Alvorada em outubro. Ele teve alta no domingo (15), mas permaneceu na capital paulista até quinta-feira.

Ministro José Múcio fala com jornalistas após visitar Lula, em São Paulo — Foto: Maria Isabel Oliveira/Agência O Globo
Fonte do artigo:sorteios da loteria