O líder do PSD na Câmara, deputado Antonio Brito (BA), assinou nesta terça-feira (3) os requerimentos de urgência para os dois projetos de lei do ajuste fiscal, mas afirmou ao Valor que isso não significa o apoio de seu partido aos requerimentos e nem ao conteúdo das propostas e que há grande insatisfação de sua bancada com o governo Lula (PT).
Antes de subscrever os requerimentos, Brito e parte da bancada do PSD se reuniram com os ministros da Casa Civil, Rui Costa, e da Secretaria de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, para deixar claros os motivos da insatisfação. “Para evitar que minha bancada desse uma surpresa negativa [na votação], fui informar ao governo da alta insatisfação do PSD na Câmara com o tratamento dispensado”, disse Brito ao Valor.
Brito assinou como líder do bloco parlamentar PSD, MDB, Republicanos e Podemos. Com isso, o governo conseguiu os apoios necessários para protocolar os requerimentos, mas ainda não deve os levar à votação justamente por dificuldades de conquistar os votos necessários.
A adesão de Brito ocorreu porque os líderes de MDB, Republicanos e Podemos já tinham aceitado assinar como coautores dos projetos protocolados pelo líder do governo na Câmara, José Guimarães (PT-CE). Além disso, os líderes do MDB e Republicanos endossaram, individualmente, o pedido de urgência, mas apenas o líder do bloco assina pelos partidos.
Há incômodo dos deputados do PSD desde o início do governo por ocuparem apenas o enxuto Ministério da Pesca. Mas a situação agravou quando o PT decidiu rifar a candidatura de Brito para apoiar o deputado Hugo Motta (Republicanos-PB) na eleição para a presidência da Câmara que ocorrerá em fevereiro. O apoio tornou Motta favorito e fez Brito desistir.